sexta-feira, 20 de março de 2009

A suficiência das Sagradas Escrituras

Podemos definir suficiência das Escrituras da seguinte maneira: as Escrituras Sagradas são suficientes à medida que elas contêm todas as palavras divinas que Deus revelou ao seu povo de forma progressiva na história da redenção, para nele confiar e obedecer, e que estas mesmas palavras são suficientes para a salvação.
Em 2Tm 3:16-17 compreendemos que a Bíblia guarda toda determinação para que o homem torne-se perfeito, como o Senhor espera que ele se torne, e venha a praticar toda boa obra que o Senhor deseja.
Estudando a doutrina da suficiência das Escrituras podemos compreender aplicações práticas para a vida cristã:
  • Devemos descobrir no estudo da Bíblia aquilo que o Senhor quer que pensemos e façamos (Dt 29:29).
  • Não devemos acrescentar nada nas Sagradas Escrituras e nem equiparar nenhum outro escrito a ela.
  • Deus exige que não creiamos em nada sobre si mesmo ou sobre sua obra redentora que não se encontre na Bíblia.
  • Nenhuma revelação moderna de Deus deve ser equiparada à Bíblia no tocante a sua autoridade.
  • Não existe pecado que não seja proibido pelas Escrituras, quer explicita quer implicitamente.
  • Deus não exige de nós nada que não esteja explícito ou implicitamente nas Escrituras.
  • Enfatizar aquilo que a Bíblia enfatiza e nos contentar com aquilo que Deus nos diz em sua palavra.

A necessidade das Escrituras Sagradas

O atributo, a necessidade das Escrituras, pode ser definido da seguinte forma: a Bíblia é necessária para conhecer o evangelho, para conhecer a natureza de Deus e para conservar a vida espiritual, porém ela não é necessária para compreender a existência de Deus e suas leis morais.
A Bíblia é necessária para conhecermos o evangelho (Rm 10:13-17) – A conclusão desta passagem é clara: ninguém compreenderá a essência do plano salvífico executado em Jesus se não lhe for apresentado à luz do evangelho registrado nas Sagradas Escrituras.
A Bíblia é necessária para sustentar a fé espiritual (Mt 4:4) – Aqui Jesus nos ensina que a palavra de Deus é essencial para sustentar o cristão em sua jornada como o pão que nos alimenta e nos sustenta fisicamente. Não se alimentar da palavra de Deus diariamente, como nos alimentamos fisicamente, é prejudicar a saúde e impedir a manutenção da vida espiritual.
A Bíblia é necessária para conhecer à expressa vontade divina (Dt 29:29) - Poderíamos objetar que existem outras formas de conhecer Deus e alguns de seus atributos, mas poderíamos conhecer a vontade soberana de Deus se ele não as tivesse revelado? Nenhuma consciência, capacidade lógica ou emocional pode perscrutar as profundezas de Deus e sua vontade. Por outro lado se não podemos compreender as coisas que estão ocultas em Deus, o texto de Deuteronômio nos encoraja a cumprir todas as reveladas pelo Senhor.
A Bíblia não é necessária para saber da existência de Deus, de alguns de seus atributos e sobre suas leis morais (Sl 19:1, Rm 2:14-15) – As pessoas podem por simples observação da natureza concluir que deve existir uma causa criadora primeira e essencial e que ela é provida de autoconsciência e autodeterminação para criar, e que o Supremo Criador é Deus. Em decorrência desta compreensão podemos concluir também que o Criador é onipotente, ou seja, tem poder suficiente em si mesmo para criar todo o universo. No mesmo raciocínio pode-se concluir que através da influência diretiva de Deus na natureza e na história e pelo sentimento íntimo de existência de Deus seja necessário alguma lei que organize as relações dEle com as criaturas (revelação geral).
No processo de revelação geral o homem pode compreender que Deus existe, que Ele tem atributos e se relaciona com a criação através de leis morais sem necessariamente ler a Bíblia Sagrada.

A clareza das Escrituras Sagradas

Por clareza das Escrituras deve-se compreender que a Bíblia foi escrita de tal maneira que suas verdades espirituais podem ser compreendidas por todos que buscam lê-la com auxílio divino, e com disposição em obedecê-la.
Todos podem ser capazes de compreender e obedecer às palavras das escrituras (Sl 11:130). Devemos entender que o entendimento dado aos simples, do qual fala o salmista, não está reservado somente ao que carece de capacidade intelectual, mas também ao que carece de juízo correto, isto é, que comete erros e precisa ser encaminhado para o padrão correto.
A palavra de Deus é tão clara que qualquer pessoa pode adquirir sabedoria e ser corrigida; este conceito deve servir a todo cristão como um aviso de que não deve considerar-se demasiadamente tolo que não possa compreender as Escrituras.
Não obstante, é necessário esclarecer que a compreensão das Escrituras é mais moral do que intelectual, assim novamente sem a operação do Espírito Santo não é possível ao homem compreender suas verdades espirituais (1Co 2:14).
Portanto, as Escrituras podem ser claramente entendidas por todos os descrentes que honestamente buscam salvação e por todos os crentes que buscam obedecê-la.
1.1 - A Necessidade das Escrituras
O atributo, a necessidade das Escrituras, pode ser definido da seguinte forma: a Bíblia é necessária para conhecer o evangelho, para conhecer a natureza de Deus e para conservar a vida espiritual, porém ela não é necessária para compreender a existência de Deus e suas leis morais.
A Bíblia é necessária para conhecermos o evangelho (Rm 10:13-17) – A conclusão desta passagem é clara: ninguém compreenderá a essência do plano salvífico executado em Jesus se não lhe for apresentado à luz do evangelho registrado nas Sagradas Escrituras.
A Bíblia é necessária para sustentar a fé espiritual (Mt 4:4) – Aqui Jesus nos ensina que a palavra de Deus é essencial para sustentar o cristão em sua jornada como o pão que nos alimenta e nos sustenta fisicamente. Não se alimentar da palavra de Deus diariamente, como nos alimentamos fisicamente, é prejudicar a saúde e impedir a manutenção da vida espiritual.
A Bíblia é necessária para conhecer à expressa vontade divina (Dt 29:29) - Poderíamos objetar que existem outras formas de conhecer Deus e alguns de seus atributos, mas poderíamos conhecer a vontade soberana de Deus se ele não as tivesse revelado? Nenhuma consciência, capacidade lógica ou emocional pode perscrutar as profundezas de Deus e sua vontade. Por outro lado se não podemos compreender as coisas que estão ocultas em Deus, o texto de Deuteronômio nos encoraja a cumprir todas as reveladas pelo Senhor.
A Bíblia não é necessária para saber da existência de Deus, de alguns de seus atributos e sobre suas leis morais (Sl 19:1, Rm 2:14-15) – As pessoas podem por simples observação da natureza concluir que deve existir uma causa criadora primeira e essencial e que ela é provida de autoconsciência e autodeterminação para criar, e que o Supremo Criador é Deus. Em decorrência desta compreensão podemos concluir também que o Criador é onipotente, ou seja, tem poder suficiente em si mesmo para criar todo o universo. No mesmo raciocínio pode-se concluir que através da influência diretiva de Deus na natureza e na história e pelo sentimento íntimo de existência de Deus seja necessário alguma lei que organize as relações dEle com as criaturas (revelação geral).
No processo de revelação geral o homem pode compreender que Deus existe, que Ele tem atributos e se relaciona com a criação através de leis morais sem necessariamente ler a Bíblia Sagrada.

A autoridade das Escrituras Sagradas

A autoridade das Escrituras significa que todas as palavras escritas na Bíblia são palavras de Deus, assim não crer em alguma palavra da Bíblia é desobedecer e não crer no próprio Deus.
O texto de 2Tm 3:16 indica que todos os escritos do Antigo Testamento, a palavra grega “graphe” (“escritura”) era utilizada tecnicamente pelos escritores do Novo Testamento para se referirem aos escritos do Antigo Testamento, são palavras “inspiradas por Deus”, assim autorizadas pelo próprio Deus, contudo em dois trechos do Novo Testamento vemos a autenticação do próprio Novo Testamento como autorizada por Deus, 2Pe 3:16 e 1Tm 5:18, o primeiro mostra o conhecimento da existência dos escritos paulinos e a disposição para classificá-las com a mesma autoridade das “demais escrituras”, o segundo mostra Paulo citando as palavras de Jesus em Lc 10:7 e as chama de “escrituras”, compreende-se então que havia uma clara consciência nos autores neotestamentários de que, à medida que se escrevia o Novo Testamento, seus escritos recebiam a autenticação de verdadeiras palavras de Deus.
O Espírito Santo autentica a veracidade e a autoridade das Escrituras, à medida que fala aos corações humanos nas palavras e por intermédio da Bíblia. Em 1Co 2:10 -14, o apóstolo afirma que o homem natural não aceita a Bíblia como verdadeira se não houver operação do Espírito Santo, ele por sua vez como homem espiritual recebe a influência do Espírito Santo para aceitar as verdades espirituais. Como Deus o Espírito Santo não pode mentir (Tt 1:2) assim sua influência Santa, nos autores bíblicos, confere a certeza de que a Bíblia não contêm erro em lugar algum (Sl 12:6) e é o padrão definitivo da verdade (Jo 17:17).
Portanto, crendo na veracidade e na autenticidade da Bíblia como palavra de Deus devemos aceitar que desobedecer as suas orientações é desobedecer ao próprio Deus. Observemos Is 66:2, o próprio Deus afirma que olhará para “o aflito e abatido de espírito e que treme da minha palavra”. Magnífico texto e humildemente poderíamos parafraseá-lo da seguinte maneira: Eu, Deus, tenho todo o poder, mas concederei favor aos que reconhecem sua impotência diante de mim por causa da minha palavra!
Tendo compreendido os argumentos a respeito da autoridade das Escrituras devemos passar a definição de inspiração, que é a influência do Espírito Santo sobre as mentes dos escritores das Sagradas Escrituras tornando o registro uma revelação progressiva e suficiente da parte de Deus, que ao ser compreendida no seu todo pelo mesmo Espírito nos leva a salvação em Jesus Cristo.
Devemos considerar alguns pontos a cerca da doutrina da inspiração:
A Inspiração é divina – A inspiração não se trata de sabedoria humana, os escritores sacros não eram homens que atingiram níveis espirituais e intelectuais mais elevados dos que outros seres humanos e por isso escreveram as Escrituras Sagradas. Eles não escreveram porque eram especiais, escreveram porque eram crentes, submissos e obedientes a Deus. O que escreveram foi da parte de Deus inspirada pelo Espírito Santo e não por mera sabedoria humana.
A inspiração é única – Não se deve confundir a influência que Deus exerce sobre todos os crentes em toda a história da humanidade com a inspiração da revelação das Sagradas Escrituras. Um pregador pode escrever um sermão influenciado pelo Espírito de Deus, mas essa influência não é inspiração bíblica. Essa inspiração cessou com o livro de Apocalipse.
A inspiração é dinâmica – A inspiração divina é viva e não mecânica. O Senhor não ditou cada palavra aos escritores bíblicos desprezando suas personalidades e capacidades pessoais, por outro lado Deus supervisionou cada uma dessas capacidades dos escritores para que fosse registrado seu santo desejo nas Escrituras, sem erro ou omissões.
A inspiração é verbal – O Senhor inspirou as palavras e não somente pensamentos ou conceitos da verdade. É claro que a inspiração atingiu primeiramente a mente dos autores, pois para se escrever é necessário pensar. Contudo pensamentos inspirados originaram as palavras inspiradas conforme a vontade soberana de Deus.
A inspiração é plena – Toda a Bíblia é completamente inspirada e não parte dela. A Bíblia não contém a palavra de Deus, ela é a palavra de Deus. A própria Bíblia reivindica a inspiração plena nos textos de 2Tm 3:16 e 2Pe 1:21.

A canonicidade das Sagradas Escrituras

Toda a lista de livros que se encontram na Bíblia pode ser considerada palavra de Deus? Outro livro mais recente pode ser acrescentado nesta lista das Sagradas Escrituras? Será que existe, nesta lista de livros sagrados, algum que não deveria fazer parte dela? Ou ainda: existe algum que deveria fazer parte dela e não foi incluído? O que dizer acerca dos livros incluídos na lista de livros sagrados do Antigo Testamento pela Igreja Católica Romana: eles podem ser considerados como Escrituras Sagradas?
Estas perguntas nos fazem pensar acerca de uma matéria importante no estudo da Doutrina da Palavra de Deus: a questão do cânon das Escrituras.
Inicialmente é importante definir etimologicamente o sentido da palavra cânon. A palavra cânon é uma palavra de origem semita que significa junco, daí decorre o sentido figurado de cana, vara para medir ou régua.
Deste sentido figurado deriva-se o sentido geral da palavra: norma, padrão ou lista, rol. Aplicando-se este sentido geral às Sagradas Escrituras, cânon é o rol de livros que pertencem a Bíblia, e de forma geral reconhecidos pela igreja cristã como única regra de fé e prática.
A relevância, deste estudo, se dá à medida que precisamos nortear nossa conduta cristã diária a partir deste manual sagrado de fé e prática, em outras palavras: aceitar ou rejeitar qualquer escritura como norma espiritual influencia diretamente em obedecermos plenamente ou não o próprio Criador.
O cânon do Antigo Testamento
O desenvolvimento da coleção canônica inicia-se com o registro das palavras divinas rompendo na história da humanidade e, aumenta e vincula-se com a história de Israel. Posteriormente, ao estudarmos o cânon do Novo Testamento, perceberemos que o seu desenvolvimento amplia-se à medida que o plano de redenção é consumado na pessoa de Jesus e na continuidade de sua obra com a igreja primitiva. Especificamente, o cânon do Antigo Testamento cresce até os textos dos seus últimos profetas – Ageu, Zacarias e Malaquias (520-435 a.C.) em paralelo com a produção de seus últimos livros históricos – Esdras (após 458 a.C), Neemias (entre 445-433 a.C.) e Ester (após 465 a.C.). Podemos concluir que até aproximadamente 435 a.C. o cânon do Antigo Testamento é encerrado.
A esta altura devemos perguntar: a produção textual do povo de Israel, após este período, não poderia ser considerada merecedora de ser incluída no cânon do Antigo Testamento como palavra de Deus? Ou de outra forma: livros como Tobias, Judite, Sabedoria, Eclesiástico, Baruc, I e II Macabeus (apócrifos ou deuterocanônicos) não poderiam ser considerados partes do Antigo Testamento? Para responder estas questões é necessário pensar do ponto de vista histórico e doutrinário.
Argumentos históricos acerca da não canonicidade dos textos intertestamentários
Flávio Josefo, o maior historiador judeu do primeiro século cristão afirmou: “Desde Artaxerxes até os nossos dias foi escrita uma história completa, mas não foi julgada digna de crédito igual ao dos registros mais antigos, devido à falta de sucessão exata dos profetas” (Contra Ápião). O queria Josefo dizer com isso? Que ele e a comunidade de Israel conheciam estes escritos, porém não eram dignos de pertencer a coleção de livros sagrados porque lhes faltava autoridade de sucessão profética. Assim, para o historiador nenhuma palavra de Deus foi acrescentada as Escrituras após 435 a.C.
Os textos dos rabinos do período registravam que o Espírito Santo havia se afastado de Israel em sua função de inspirador da obra profética: “Após a morte dos últimos profetas, (...) o Espírito Santo afastou-se de Israel” (Talmude Babilônico).
Jesus e nenhum outro escritor neotestamentário fazem referencia a qualquer livro apócrifo e confirma em suas citações os outros livros canônicos.
Jerônimo em sua tradução da Vulgata Latina inclui os livros apócrifos, mas ele mesmo afirma que eles não eram “livros do cânon”, porém apenas “livros da igreja”.
Argumentos doutrinários acerca da não canonicidade dos textos intertestamentários
A Igreja Católica em resposta a Reforma Protestante, no Concílio de Trento (1546) oficializa os livros apócrifos, pois os mesmos apóiam as seguintes doutrinas: a) a oração pelos mortos e a b) justificação pela fé com obras. Por outro lado, a Igreja ao tomar esta posição defende sua autoridade para autenticar o que é ou não é Palavra de Deus.
As duas posições doutrinárias católicas são contestadas pelas próprias Escrituras: a) Oração aos mortos – a Bíblia não ensina esta prática a não ser no livro apócrifo de 2 Macabeus 12:43-45 e a doutrina entra em choque com o ensinamento geral bíblico que, se alguém abandonar seus pecados; crer em Jesus como seu Senhor, Salvador e Filho de Deus; nele confiar e viver uma vida santa será salvo não havendo necessidade de nenhuma intercessão pós-morte e b) justificação pelas obras e não pela exclusividade da fé – doutrina em oposição ao claro ensino de Efésios 2:8-9: “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie”.
O cânon do Novo Testamento
As Sagradas Escrituras é o registro histórico das ações redentoras da parte de Deus em relação aos homens. Lemos no Antigo Testamento o relacionamento com Deus com a criação, com os homens e com seus eleitos e o estabelecimento da promessa de que um dia viria o Messias; no Novo Testamento constataremos o registro desta promessa cumprida: o Messias encarnado – Jesus Cristo.
Desta maneira, observamos que o Novo Testamento compõe-se por textos dos apóstolos, que, por sua vez, receberam a revelação do Espírito Santo para que seus registros fossem divinamente inspirados; contribuindo assim para a iluminação espiritual dos homens. E qual é esta mensagem iluminadora: o Messias fez-se carne e habita entre nós.
O próprio Senhor Jesus promete esta capacitação espiritual para seus discípulos (Jo 14:26 e Jo 16:13-14). Sobre os apóstolos recaiu a incumbência de registrar a comunicação divina acerca da grande verdade espiritual por Ele proclamada, na vida e obra redentora de seu Filho[1]. Porém, se aceitarmos a posição tradicional que os registros apostólicos são Palavra de Deus, o que dizer de Marcos, Lucas, Atos, Hebreus e Judas que não foram escritos por nenhum apóstolo, mas foram aceitos como canônicos pela igreja primitiva?
Vamos entender o processo: a) Marcos, Lucas e Atos foram reconhecidos pela proximidade destes discípulos com Pedro e Paulo; b) Judas com a proximidade de Tiago e pelo fato de ser irmão de Jesus; c) Hebreus foi reconhecido canônico pela igreja primitiva, sob a direção dos apóstolos, pois cada uma de suas palavras enaltecesse a gloria soberana de Cristo.
Conclui-se então que um livro tornava-se canônico à medida que era selecionado pela igreja primitiva a partir de sua autoria apostólica ou separado pela orientação dos apóstolos.
Hoje aceitamos pela fé a Bíblia como Palavra de Deus, pois confiamos que o próprio Deus esta no controle de toda a história, logo é certo que o Senhor não permitiria que fosse agregada a sua Palavra alguma coisa que o contradissesse e, por outro lado, não nos privaria de alguma revelação necessária para nossa redenção. O que Ele nos revelou é a mensagem plena e suficiente para conhecermos seu caráter santo e as verdades espirituais necessárias para atingirmos a salvação por intermédio exclusivo de seu Filho Unigênito – Jesus Cristo.
[1] O significado da palavra apóstolo apresenta duas idéias importantes: a) um grupo comissionado por uma autoridade e b) para uma missão além-mar. Embaixadores de Cristo, os apóstolos, foram feitos grandes autoridades espirituais no NT devido: a) terem sido comissionados pelo próprio Senhor, b) estabeleceram um relacionamento intimo no ministério terreno de Jesus, c) receberam instruções de Jesus ressurreto e d) ao serem comissionados para ir por todo o mundo pregando o evangelho receberam a promessa de que seriam os portadores do Espírito Santo para continuar o ministério de Cristo na Terra.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Bibliologia - introdução

À luz da Declaração Doutrinária da Convenção Batista Brasileira compreendemos que a “Bíblia é a palavra de Deus em linguagem humana. É o registro da revelação que Deus faz de si mesmo aos homens. Sendo Deus seu verdadeiro autor, foi escrita por homens inspirados e dirigidos pelo Espírito Santo. Tem por finalidade revelar os propósitos de Deus, levar os pecadores à salvação, edificar os crentes, e promover a glória de Deus. Seu conteúdo é a verdade, sem mescla de erro, e por isso é um perfeito tesouro de instrução divina. Revela o destino final do mundo e os critérios pelo qual Deus julgará todos os homens. A Bíblia é a autoridade única em matéria de religião, fiel padrão pelo qual devem ser aferidas a doutrina e a conduta dos homens. Ela deve ser interpretada sempre à luz da pessoa e dos ensinos de Jesus Cristo”.
Bibliologia é o doutrina que se estuda a Bíblia. A Bíblia está organizada em 66 livros, dos quais 39 se encontram no Antigo Testamento e 27 no Novo Testamento, escrita em 3 idiomas: hebraico, aramaico e grego. Seu Autor é o próprio Deus, no entanto o Senhor utilizou cerca de 40 escritores humanos para escreverem as Sagradas Escrituras, que demorou cerca de 1500 anos.
Como palavra de Deus em linguagem humana a Bíblia é aceita, pelos cristãos, como suprema regra de fé e prática, pois ela: é testemunha fiel da revelação que Deus fez aos homens, revela a mente de Cristo e o significado de seu senhorio. Como fundamento para compreender o caráter de Deus e sua vontade, as Sagradas Escrituras, devem ser estudadas profundamente por todo cristão fiel que busca compreender as doutrinas da fé cristã.
Em relação as suas principais características as Sagradas Escrituras se classificam em quatro atributos básicos: autoridade, clareza, necessidade e suficiência.
Antes de passarmos as definições e reflexões sobre as principais características da Palavra de Deus é preciso registrar os diversos sentidos que ela assume:
1 – Como pessoa: Jesus Cristo (Jo 1:1-14)
A Bíblia deixa claro que a pessoa de Jesus Cristo é a mais completa comunicação do caráter e da vontade de Deus aos seres humanos (revelação).

2 – Como comunicação verbal de Deus
A Bíblia registra 4 formas de comunicação verbal estabelecidas pelo Criador:
§ Decretos divinos – Palavra divina que faz algo acontecer e se manter no espaço e no tempo continuamente (Gn 1:3; Sl 19:1-4 e Hb 1:3).
§ Comunicação pessoal – Palavra divina dirigida diretamente a agentes morais: seres humanos (Gn 2:16-17; Ex 3:4-10), anjos (Jó 2:1-2) e entre as pessoas da trindade (Sl 110:1 em relação com Mt 22:41-46). Observação: estas palavras são comunicadas em linguagem humana para que de fato sejam compreendidas e plenamente reveladas, de nenhuma maneira as imperfeições da comunicação lingüística humana, por ser um produto da humanidade decaída, pode limitar a autoridade e a veracidade da mensagem divina. A Bíblia sempre que registra este tipo de comunicação de Deus com outros agentes morais impõe uma certeza: desobedecer ao que foi comunicado é desobedecer diretamente ao próprio Deus (Is 66:2).
§ Comunicação profética – Deus comunica sua palavra através da boca de um profeta (Jr 1:7-9), não dar crédito a este tipo de comunicação divina é considerado igualmente desobediência ao próprio Criador.
§ Comunicação escrita (Bíblia) - De forma progressiva Deus revela sua vontade e seu caráter ao seres humanos de forma oral, porém orienta o registro desta revelação (Ex 31:18; Dt 31:24-26; Js 24:26; 1Co 14:37).
Entre estas formas de comunicação verbal estabelecida pelo Criador, o melhor ponto de convergência para reconhecer sua expressa vontade sobre nossas vidas hoje, é sem sombra de dúvida as Escrituras Sagradas. Entre os vários argumentos para defender esta afirmação teológica destacamos: a) é na Bíblia que encontramos registrados as outras formas de comunicação verbal divina, sem ela não seria possível às gerações futuras tomar conhecimento delas, b) a Bíblia é o registro permanente para uma meditação profunda e periódica do caráter e da vontade de Deus, c) é a Bíblia que nos conduz a conhecer sobre o caráter divino e obra redentora de Jesus, pois o Senhor em sua forma corpórea encontra-se no céu nos impossibilitando de aprender dele diretamente e d) e o próprio Deus sinaliza o jeito mais proveitoso para aprendermos acerca de sua vontade e caráter, leia Sl 1:1-2, Js 1:8 e 2Tm 3:16.

Apresentação do "Esboço Teológico"

Graças a Deus apresentamos este Esboço de Teologia Sistemática a todos que buscam um ponto de partida para refletir sobre suas declarações de fé. Este trabalho, contudo, não pretende abordar todos os aspectos das doutrinas cristãs de forma exaustiva, porém oferece, de forma sintética e didática, uma apresentação das principais doutrinas cristãs comprometida com uma visão evangélica reformada conservadora. Especificamente Esboço de Teologia Sistemática busca contribuir no desenvolvimento de líderes da igreja local como mais uma ferramenta de formação cristã.
O processo de construção deste trabalho é o esforço da leitura e reflexão das principais obras de Teologia Sistemática a disposição em língua portuguesa, contudo amplamente influenciado pela belíssima obra do teólogo Waine Grudem: Teologia Sistemática, publicada no Brasil pela Edições Vida Nova.
Como um instrumento de reflexão inicial, Esboço de Teologia Sistemática discute os elementos essenciais nas dez áreas de estudo da teologia sistemática na busca da compreensão das verdades reveladas nas Sagradas Escrituras:
1. Bibliologia – Doutrina da Palavra de Deus.
2. Teologia – Doutrina de Deus.
3. Angelologia – Doutrina dos Anjos.
4. Antropologia – Doutrina do Homem.
5. Hamartologia – Doutrina do Pecado.
6. Cristologia – Doutrina de Jesus Cristo.
7. Pneumatologia – Doutrina do Espírito Santo.
8. Soteriologia – Doutrina da Salvação.
9. Eclesiologia – Doutrina da Igreja.
10. Escatologia – Doutrina dos Eventos Futuros.
Cada área de estudo aqui apresentada adota o conceito de doutrina do teólogo Millard J. Erickson, que afirma: “A doutrina cristã é apenas a declaração das crenças mais fundamentais do cristão: crenças sobre a natureza de Deus; sobre sua ação; sobre nós, que somos suas criaturas; e sobre o que Deus fez para nos trazer à comunhão com ele. (...) São declarações sobre as questões fundamentais da vida, ou seja: quem sou eu? Qual é o sentido último do universo? Para onde vou? A doutrina cristã, portanto, constitui-se das respostas que o cristão dá àquelas perguntas que todos os seres humanos fazem” (ERICKSON,1997).
Nesta perspectiva, oramos a Deus para que Esboço de Teologia Sistemática promova entre seus leitores uma compreensão doutrinária tal que possa estabelecer uma visão mais abrangente da pessoa santa de Deus; uma relação de adoração consciente que glorifique verdadeiramente a Deus e finalmente uma prática de vida cristã fundamentada no amor ao Senhor, as Sagradas Escrituras e ao próximo.
A Deus toda glória!